terça-feira, 6 de julho de 2010

13 RAZÔES PARA RESPEITAR (E MUITO!) RINGO STARR

Certa vez, perguntaram para Ringo quem era o maior baterista do mundo. Humildemente, ele respondeu: “Sou eu! Porque toquei na maior banda do mundo com os três melhores compositores, cantores e instrumentistas do mundo. Se eu não fosse o melhor, não estaria lá!”.

Hoje é um dia muito especial! O maior baterista do mundo, o narigudo mais famoso do planeta, um cara gente boa demais, fiel amigo, simples, humilde e simpático, o grande RINGO STARR, completa 70 anos. E nosso blog preferido (e mais bonito!) precisava encontrar uma forma especial de homenageá-lo. Mexi e remexi no meu baú e me lembrei de uma edição especial da revista “Modern Drummer”, de janeiro de 1997 – nº 14, que, além de ter o Ringo como capa, ainda traz uma longa entrevista com o nosso querido e amado Ringo. Pois bem, em homenagem ao nosso grande amigo, Mr. Ringo Starr, o Baú do Edu orgulhosamente apresenta esta histórica entrevista na íntegra! Talvez - acredito - inédita na Internet. Vocês vão adorar! Parabéns, velho amigo! Abração a todos! Lembrem-se: para parar a radio e curtir os vídeos do Ringo, ESC!

RINGO STARR with PAUL McCARTNEY – WALK WITH YOU





John Lennon compôs a canção “ I’M THE GREATEST” especialmente para seu amigo Ringo depois de mais de dois anos do fim dos Beatles. E sabia o que estava dizendo: RINGO É O MAIOR!

Ringo Starr - Cada dia melhor
Por Robyn Flann

Quando penso nos Beatles, muitas vezes me lembro do clássico filme de James Stewart. A Felicidade Não Se Compra. Recordo-me especificamente da parte onde Stewart, prestes a cometer suicídio pulando de uma ponte, deseja nunca ter nascido – até que um anjo lhe dá a oportunidade de ver como seria o mundo se ele não tivesse feito parte dele.
E se os Beatles não tivessem estado nesse mundo? Já entrevistei vários artistas no decorrer dos anos os quais disseram-me que se não fossem pelos Beatles, duvidam que teriam se tornado músicos. Eu, pessoalmente, tenho certeza que não estaria fazendo o que faço.
É verdade, os Beatles mudaram as vidas de muitas pessoas. Numa escala maior, eles alteraram completamente a face da música popular.
Sociologicamente, eles influenciaram a moda, cortes de cabelo, comportamentos e filosofias – eles iniciaram uma cadeia de eventos que vieram a se tornas históricos. E se os Beatles não tivessem existido? E se Paul McCartney não tivesse conhecido George Harrison no ônibus nº 86 quando estava indo para a escola; e se um amigo não tivesse levado Paul para ver John Lennon tocando com o Quarrymen; se Ringo, com o Rory Storme & The Hurricanes, não tivesse tocado na mesma casa noturna em Hamburgo com os Beatles e não tivesse saído com eles algumas vezes; se Paul, John e George não tivessem decidido substituir o baterista Pete Best por aquele cara que tinham conhecido em Hamburgo...se tudo isso não tivesse acntecido, aquela música poderia nunca ter sido criado. Foram aqueles quatro seres humanos, a combinação do DNA de cada um deles – o talento do compositor e de baixista de Paul, o estilo único de Guitarra de George, as composições e o talento de cantor de John, mais o brilhantismo das levadas e frases de Ringo que se complementavam e se tornavam marcas registradas das canções – foi isso que fez aquele som.

Me sinto um felizardo por ter tido a idade certa para apreciar os discos naquela época em que foram lançados. Os Beatles gravavam constanemente, algumas vezes dois discos por ano, e nós esperávamos ansiosamente por cada um. Havia muita publicidade informando a data precisa de cada lançamento, e nós contávamos os dias – as horas – até que uma das rádios locais tocasse as novas canções precisamente à meia-noite. Meus pais me deixavam ficar acordado até mais tarde nesses dias e ficar no telefone com meus amigos, todos fâs dos Beatles, enquanto a estação tocava o disco do início ao fim. O incrível é que há uma geração inteira que aprecia a música dos Beatles, uma geração que surgiu após a deles. A música continua a encantar. Quando meus filhos entram no carro, exigem que eu coloque o som dos Beatles.
O ano passado, vinte e seis anos depois da separação, foi um dos melhores anos que os Beatles tiveram. Três antologias foram lançadas, proporcionando ao público a melhor oportunidade que já tivemos de sentir o processo criativo do grupo.

Gravações de várias canções em vários estágios nos permitiram dar uma olhada dentro do estúdio. Além disso, agora que os discos dos Beatles foram lançados em CD, as partes da bateria ficaram muito mais audíveis do que quando estavam em vinil. Era a hora certa para voltar a entrar em contato com o Ringo, que me proporcionou uma emoção incrível quando o entrevistei dezesseis anos atrás. Por algum motivo, eu estava mais nervoso nesta entrevista do que naquela – provavelmente porque conforme vou ficando mais velho, a música se torna cada vez mais preciosa para mim, e me dou conta a cada dia que passa do impacto dos Beatles na minha vida e na de outras pessoas.
Para essa entrevista, Ringo e eu tínhamos um encontro marcado numa suíte de um hotel em Los Angeles. Os fotógrafos arrumaram a suíte com a ajuda de Todd Trent, da Ludwig, que havia trazido a bateria do Ringo até o quarto do hotel. Conforme a hora marcada se aproximava, um certo silêncio baixou sobre nós. Aguardávamos todos calados. Então de repente, o silêncio foi quebrado por alguém tocando a campainha do quarto sem parar – ding dong, ding dong, ding dong, ding dong, ding dong, ding dong! Tinha que ser ele – quem mais teria essa cara de pau? Quando abri a porta com um “Ok, já chega!”, lá estava Ringo, com o dedo plantado na campainha. Ele fez uma entrada cinematográfica, junto a sua adorável esposa, Barbara Bach, Starr criou a atmosfera para uma tarde recheada de muito humor, dedicando toda a sua atenção à entrevista. Sua animação e as risadas que demos juntos são coisas as quais não vou me esquecer tão cedo.

Espero que ao ler esta conversa você seja capaz de sentir a alegria e a agradável risada de Ringo nas entrelinhas. Se você teve a sorte de ter visto um dos shows da sua turnê All-Starr, sabe do que estou falando. Se não viu, vá assisti-lo em turnê nesta primavera/verão (há rumores de que essa será sua última turnê) com uma banda formada só por ingleses: Dave Mason, Gary Brooker, Peter Frampton, Jack Bruce e Simon Kirke.
Essa é a única forma de saber o que é estar na presença do incomparável Ringo Starr.

Iniciais: RF – Robyn Flann MD – Modern Drummer


MD: No livro The Beatles:Recording Sessions (de Mark Lewisohn), o autor menciona que George Martin dizia que você cometia poucos erros no estúdio.

RINGO: Na verdade, muito poucas interrupções, foram causadas por mim; elas aconteciam quando os outros erravam na letra das músicas ao cantá-las, quando os dedos de John ficavam presos nas cordas, coisas assim. Era muito raro que eu tivesse que parar. Isso ficou muito claro quando tivemos que escutar todas as velhas fitas (para preparar as antologias). Até fazermos aquilo, eu estava preparado para arcar com a culpa de algumas das interrupções (risos).

MD: Você já disse que “sai do ar” quando toca frases.

RINGO: Com certeza. Eu sei como tocar 4/4, as levadas de ritmo, o básico. Mas para mim, o baterista, como artista, só e ele mesmo quando toca suas frases. Sempre achei muito difícil fazer isso, e geralmente não conseguia repetir uma frase durante uma gravação porque elas vinham quando vinham, e esse era o único momento em que se podia ouvir aquela frase.

MD: E quando você tocava ao vivo?

RINGO: Nós tocávamos as músicas. As partes de bateria daqueles primeiros discos dos Beatles tinham um padrão de ritmo bastante específico o qual era usado durante todo o tempo. Eles não eram complicados e não havia muito improviso. A canção tinha apenas dois minutos e dez segundos, e fazíamos shows de meia hora. Todos aqueles compactos tinham um padrão bem definido. Não havia uma porção de viradas e frases. Elas vieram depois, quando fizemos Rubber Soul; foi ali que tudo ficou mais solto.

MD: No livro mencionado anteriormente, há uma afirmação a qual diz que você fazia o papel mais difícil na banda.

RINGO: É a sina do baterista, eu estava rodeado por três bateristas fingindo ser um baixista e dois guitarristas! (risos) Todos os outros sabem exatamente o que o baterista deve tocar; e se alguma coisa dá errado; todos olham automaticamente para ele. Eu sempre achei muito útil quando John, Paul e George diziam “faça isso, faça aquilo, e se fizermos assim?” Mas a sugestão mais clássica foi quando John trouxe alguns discos da Motown e disse: “Quero que você toque assim”. E eu disse: “Bem, tem dois bateristas tocando nesse disco”. “Eu sei, mas ainda assim quero que toque desse jeito”. Fiz o melhor que podia e foi dessa forma que criamos muitas das batidas que fazíamos. Eu não inventei tudo aquilo. Estava sendo forçado pelos compositores a fazer coisas diferentes – forçado não é bem o termo, digamos que eles tinham muitas idéias malucas. Uma das histórias mais engraçadas aconteceu quando fomos pela primeira vez encontrar com George Martin, para gravar Please Please Me. Eu estava tocando o bumbo com o pé, tinha um chocalho numa mão, um pandeiro na outra, e fazia ataques nos pratos nos acentos. Acho que foi o que o inspirou a chamar Andy White (risos). Ele pensou, “bem, acho que vamos ter de usar um baterista de verdade”. Eu estava tentando fazer todos os acentos e todos os sons, de forma que golpeava a caixa com o pandeiro, enquanto continuava a tocar o chocalho.

MD: Durante as gravações você tinha que repetir as canções muitas e muitas vezes...

RINGO:
...enquanto eles desistiam. Tenho uma regra: nunca parar quando estamos gravando. O que quer que aconteça, não paro, porque um erro pode ser incporporado a uma canção – menos quando é um erro muito estúpido. Se John parava, às vezes os outros três tinham que continuar. Não podíamos fazer isso no início, porque as gravações eram feitas com apenas dois micorfones, mas mais tarde nós continuávamos mesmo quando alguém parava para ver se valia a pena. E algumas vezes valia. Hoje em dia o pessoal grava em estúdios de setenta ou oitenta canais. Quando nós começamos, tínhamos que ser uma boa banda, porque não havia todos esses canais. Tínhamos que fazer as coisas básicas. Mais tarde, achamos que tínhamos chegado ao máxima da sofisticação quando gravamos em vinte e quatro canais (risos). Na verdade, creio que jamais gravamos com vinte e quatro: tínhamos oito.

RF: O livro de Lewilsohn mostra que o advento de estúdios com vários canais nem sempre facilitou o trabalho de vocês. Em um dos canais, vocês gravavam tantas coisas que a bateria se tornava inaudível, portanto eles gravavam outro canal onde você tocava numa cadeira de plástico, “batendo com as baquetas no assento e fazendo outros ruídos para enfatizar a batida da caixa”. Você se lembra disso?

RINGO: Não, mas me lembro que costumava tocar qualquer coisa; os cases da bateria, minhas pernas, uma cadeira. O que você mencionou aconteceu muito mais tarde, porque nós costumávamos fazer o overdub apenas da marcação. Às vezes tínhamos até três caixas na mesma faixa, com George, Paul e eu fazendo a marcação para que, devido às camadas, a caixa se sobressaísse. Tocávamos muito, porque só tínhamos oito canis. Era uma loucura, mas funcionava. Não conhecíamos nada diferente, portanto funcionava para nós. Nos primeiros discos, podíamos escutar somente a caixa e os pratos – nunca o bumbo. Mais tarde, chegamos a um ponto onde podíamos ouvir bem toda a bateria. Na verdade o canal básico sempre tinha a bateria gravada, de forma que, não importa o que acontecesse essa parte já estava pronta. A bateria já estava na faixa, e nós só tínhamos que nos preocupar com o piano e as guitarras. Se fôssemos tirar qualquer coisa, tirávamos o baixo, a guitarra ou o piano e os refazíamos. E como todo mundo sabe, se você ouvir atentamente os discos de antologia, pode escutar coisas que já não estão no corte final. Mas a bateria é sempre igual.

MD: Muitas pessoas não se dão conta de quanta percussão havia nos discos dos Beatles. É certo dizer que você fez uns 90% do total?

RINGO: Sim, é isso mesmo. George e Paul fizeram algumas coisas também.

MD: Pode nos dizer quais foram as partes que você mais gostava de tocar?

RINGO: O que era mais divertido para mim era tocar piano naquele último acorde de A Day In The Life (do Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band), onde todos nós tocávamos aquele acorde no fim. Essa é uma das minhas lembranças favoritas – eu estava tocando o piano.

MD: Você também tocou piano em Don´t Pass Me By (no “Álbum Branco”).

RINGO:
Foi, porque a escrevi no piano. Isso é uma outra coisa. A maneira amadora como eu toquei piano – que na realidade não é amadora – dá a música uma certa característica, enquanto que um pianista profissional daria outra caractísitica. Por isso John e Paul tocaram muito piano nos discos dos Beatles – isso dava uma característica diferente da que teríamos se tivéssemos usado um pianista profissional. Se quiséssemos um pianista de verdade teríamos usado George Martin, que sabia exatamente onde cada nota tinha de ser tocada.

MD: Li que a banda contratou artistas de estúdio várias vezes para tocar em algumas das gravações, mas terminou não usando aquelas tomadas.

RINGO:
Aqueles músicos eram muito sérios – muito reais de certa forma. Além disso, naquela época todos eles achavam que nós éramos uma piada. Eles pensavam: “Nós somos uma orquestra de verdade, o que estamos fazendo aqui com esses idiotas?” Se escutar os discos e ver que aparecem músicos clássicos, pode apostar que eram pessoas que gostavam do que estávamos fazendo.


MD: Você mencionou A Day In The Life, fazer aquela canção foi como juntar um quebra-cabeças.

RINGO:
Ela é na verdade duas canções juntas. Dependendo com quem você fale, foi ou uma idéia de Paul, ou de George Martin – depende de que livro você lê.

MD: O livro diz que foi você quem fez a marcação da parte do meio.

RINGO:
Era um pedaço vazio – um simples espaço em branco.

MD: E você calculou o tempo daquele espaço com um despertador.

RINGO: Foi muito simples. Trabalhamos na primeira seção, que era de John, e Paul disse que tinha mais uma idéia. Logo gravamos aquela seção. Mas tínhamos um enorme espaço branco entre as duas partes, portanto contamos os compassos e pensamos em compor algo para aquilo mais tarde. Já naquela época, nos sentíamos confortáveis no estúdio e também com o que estávamos tentando fazer. Era tudo parte da maneira como trabalhávamos.
Sempre me surpreendia quando as pessoas diziam, “Nossa Senhora, vocês fizeram aquilo?” Quando estávamos gravando, não pensávamos, “Nossa Senhora, olha só o que estamos fazendo!” Simplesmente dizíamos “vamos fazer assim”, só isso.

MD: Você poderia descrever que papel cada um desempenhou no contexto musical da banda?

RINGO:
Para mim, a participação de cada um não é como todo mundo pensa – “Você faz isso, você faz aquilo”. O que fazíamos era servir de apoio uns para os outros. Não importa quem estivesse tocando, os outros tentavam apoiá-lo da melhor maneira possível. Nós queríamos nos tornar famosos. Queríamos gravar discos. Éramos músicos, tocando para cada vez mais pessoas; foi uma coisa que aconteceu gradualmente, embora, é claro, aquela coisa da fama tenha saído fora do controle.

MD: O bumbo e o baixo são as bases de uma canção. Você costumava trabalhar junto com o Paul?

RINGO: Paul e eu costumávamos trabalhar muito juntos. Nos primeiros discos é difícil perceber isso, mas se você escutar os posteriores irá perceber que as levadas de bumbo e baixo estão trabalhando juntas. E isso é muito difícil de se fazer. As pessoas não levam em consideração. Geralmente acham que é só dizer, “ora, vamos tocar”, mas na verdade tudo deve estar sincronizado. O baixo e o bumbo têm que tocar em conjunto e é isso que dá base para que tudo o mais possa funcionar direito.

MD: Como era um dia bom no estúdio?

RINGO: Gravávamos em uma porção de lugares diferentes. No início, nunca tirávamos um dia de folga. Íamos para o estúdio, gravávamos umas duas faixas, fazíamos uma apresentação na TV, saíamos em turnê, fazíamos um filme, depois gravávamos outro disco. Estávamos nos movendo o tempo todo – entra no carro, faz outra coisa – nunca parávamos. E era muito emocionante. A parte mais divertida veio depois, quando estávamos criando no estúdio – isso foi lá pelo fim dos anos 60 – e todos dizíamos “certo, é isso aí, é isso aí, nos dê um cassete disso, George (Martin)”
Terminávamos indo pra casa e nem sempre gostávamos do que tínhamos feito.

MD: O que era um dia ruim no estúdio?

RINGO: Algumas vezes não me sentia bem, e não queria estar lá. Me espanto com o fato de hoje em dia os artistas demorarem dois anos para gravar um disco inteiro, e depois terem que refazê-lo. Houve uma mudança nesse sentido porque o negócio envolve muito dinheiro. O mais caro de nossos discos deve ter custado, no máximo, cem mil dólares. Hoje, o mesmo disco sairia três vezes mais caro, mesmo se levarmos em consideração o valor do dólar nos anos 60. Ainda acho que gastávamos pouco para gravar um disco.
Um dia ruim era quando as coisas não funcionavam. Mais tarde, um dia ruim era quando estava em casa, no jardim, e não queria ir até a cidade. Num dia lindo, com as crianças brincando, estava feliz e tinha uma xícara daquele chá que George Harrison mencionou (nos vídeos Anthology) e pensava, “oh, Deus, isso é ótimo”. Ter que abandonar tudo aquilo estragava o dia, mas quando começávamos a gravar, ficava tudo bem. E não tivemos muitos dias ruins, exceto mais tarde, porque todos estávamos dentro do mesmo espírito.

MD: Já se disse que para George e John as sessões de gravação de Get Back (de Let It Be) foram um pesadelo, mas sua opinião ainda não foi documentada.

RINGO: Aquelas foram as sessões em Twickenham. Hipoteticamente, estávamos lá para sermos filmados enquanto fazíamos um disco. Foi terrível. O lugar era enorme, frio e desconfortável para todo mundo, especialmente quando alguém estava discutindo, John e Paul estavam tendo suas brigas, e nas sessões de Twickenham George e Paul também brigaram. E, como todo mundo sabe, George saiu andando e depois todos nós nos reunimos em minha casa. Aquelas coisas tornaram todo o processo muito desconfortável. Mas com certeza, se a sessão era boa, ninguém ficava brigando. A música sempre fez que superássemos as dificuldades.

MD: Coisas como o filme Let It Be dão a impressão que foi horrível.

RINGO: Foi um inferno. E foi aí que a separação aconteceu, naquele momento. Foi tudo muito estranho. Se você assistir à antologia dos Beatles, verá como tudo aconteceu.

MD: Vocês vão lançar um livro sobre as antologias?

RINGO: Sim, será um livro tirado das doze horas de filmagem que fizemos. Sairá provavelmente no ano que vem. Não vejo como seria publicado esse ano; já há material suficiente no mercado. Além disso, o novo disco de Paul será lançado esse ano, e eu vou fazer uma turnê e gravar um disco mais tarde. Não fazia sentido fazer nada disso durante os últimos dois anos, porque todo mundo só queria saber dos Beatles.

MD: Há muito mais material dos Beatles que ainda não escutamos?

RINGO:
Na verdade, não. Tenho algumas coisas – tenho certeza que todos temos cópias de várias coisas, mas tenho cópias de algumas jóias que nunca foram lançadas, em acetato. Só muito mais tarde foi que começamos a levar cassetes para casa.

MD: Nos conte mais sobre sua nova turnê; seu filho já não está mais com você.

RINGO: Zak ainda me ama, é o que ele me diz. “Não estou mais tocando com você papai, mas ainda te amo”. Mas para mim foi uma enorme alegria vê-lo tocando com o The Who. Eles sempre foram uma de suas bandas favoritas. Ver um de meus filhos chegar até onde sonhava é lindo. Meu filho mais novo, Jason também é baterista. Ele está em duas bandas no momento, sempre praticando quando não está tocando em uma banda ou com amigos músicos. Os meus filhos fazem uma coisa que eu acho impossível, que é praticar. Nunca fui capaz de fazê-lo. Tenho uma bateria em casa e me sento lá para tocar, mas em dois minutos estou achando aquilo a coisa mais chata do mundo, porque gosto muito mais de tocar com outros músicos. Sempre toquei com outras pessoas e sempre cometi meus erros na frente de outras pessoas. Também fiz meus melhores fraseados e outras coisas boas com outras pessoas.

MD: Como era estar no palco com Zak, quando ele tocou com você em sua turnê?

RINGO:
Era ótimo, Uma vez, meus dois filhos estavam tocando juntos: Jason tocou em minha bateria em Nova York. “Na bateria, Zak Starkey, e no kit ao lado, Jason Starkey, meu outro filho”. Alguém na platéia gritou: “Logo mais você vai estar colocando sua avó para tocar!” (risos). Era fantástico com Zak. Eu podia olhar para o lado todas as noites e lá estava meu menino – e ele é um baterista brilhante. Sempre é ótimo escutá-lo. Ele leva tudo tão a sério! Foi muito legal.

MD: Há boatos de que essa próxima turnê será a última que fará. Com toda a fama e fortuna que já tem, por que você continua?

RINGO: Porque adoro fazer isso. Adoro subir no palco e me divertir com a platéia. Adoro tocar e, como já disse preciso ter pessoas tocando comigo. Cada vez que termino uma turnê, digo: “Acabou. Não vou fazer outra turnê”, porque todos nós que fazemos shows sabemos que tocar é ótimo, porém andar de uma lado para o outro é terrível. Mas depois de ficar sentado em casa por um ano, me pego dizendo. “Por que não saímos em turnê”? Quando formo uma banda, tento escolher as pessoas com as quais nunca toquei antes. Faço algumas ligações, convido algumas pessoas, nós ensaiamos, e tudo parece funcionar bem. Há sempre a possibilidade de que não funcione, mas isso não aconteceu ainda.

MD: A turnê que assisti tinha Jim Keltner e Levon Helm na bateria. Como foi trabalhar com eles?

RINGO: Foi incrível. Toquei com Jim Keltner durante toda a década de 70; ele era o único baterista que tinha tocado comigo. Quando decidi sair em turnê outra vez, me dei conta de que para fazer o que eu queria – tocar bateria e também descer até o palco para cantar e me divertir com a platéia – teria que chamar outro baterista. Também estava pensando em pessoas que pudessem cantar e que tivessem suas próprias canções. O nome de Levon (Helm) foi sugerido. A banda é minha e posso ter três bateristas se eu quiser. E levon é simplesmente um baterista magnífico. È o cara que os bateristas mais jovens devem escutar para aprender aquela pegada solta, preguiçosa – e não digo preguiçosa no mau sentido. Sempre o admirei. A primeira vez que escutei Music From Big Pink estava com George, Eric Clapton tocou o disco para nós. A música era fantástica – e os vocais nem se fala! A voz de Levon é incrível – como também é a voz de Rick (Danko). Na turnê com Jim e Levon, tínhamos Rick na bateria, portanto eu estava do jeito que eu sempre quis. Se você quiser ouvir um grande baterista, ouça Jim Keltner, que para mim ainda é o baterista mais versátil que existe. E depois, se quiser apenas escutar um bom rock'n'roll, pode me ouvir tocando! (risos)


MD: Vocês tocavam, obviamente, partes diferentes.

RINGO:
Quando saio em turnê, é o meu nome lá na frente, portanto na última turnê Jim e Zak eram os bateristas e eu toquei com eles. Quando Simon (Kirke) vier, ele será o baterista, porque eu fico subindo e descendo. É ele que terá que saber todas as partes, eu só vou precisar saber metade. Com o Jim, nunca há qualquer desacordo. Eu e ele nos completamos. Isso acontece também com Levon e com Zak. Estou ansioso por tocar com Simon.

MD: Falando em turnês, e sendo que você é um cara que adora estar no meio das pessoas, pode me dizer se ficou chateado quando os Beatles pararam de se apresentar?

RINGO: Não, no fim estava tudo uma droga. Nós ficávamos em pequenas jaulas o tempo todo e estávamos tocando muito mal, apenas tentando superar o barulho que a platéia fazia. Não podia tocar nenhuma frase nos shows. Não podia fazê-las porque elas simplesmente desapareciam no cosmos. Tudo o que podia fazer era bater, bater, bater.

MD: As imagens nas fitas da antologia mostram mais que isso...

RINGO:
Mas você se refere às coisas mais antigas. Aquilo era o que fazíamos. Éramos uma banda que tocava ao vivo. Tocávamos em todas as casas noturnas que encontrávamos, e era fácil levar aquela unidade compacta para tocar nos palcos maiores.

MD: Me lembro de você ter contado, na nossa última entrevista, que chegou ao ponto de ter que ler os lábios dos outros caras para saber onde eles estavam.

RINGO:
É mesmo! Isso foi mais para o fim, quando as coisas estavam ficando cada vez mais loucas. Gostaria que alguém tivesse previsto o que ira acontecer e tivesse filmado aquelas primeiras apresentações, quando estávamos fazendo shows em casas noturnas na Escócia, ou mesmo as que fizemos no Cavern. Há muita pouca coisa do Cavern. Existe aquela velha gravação da Alemanha (Live At The Star Club), mas a qualidade do som é péssima. Infelizmente, isso são coisas em que só se pensa mais tarde. Eu sempre digo para Zak: Filme a minha neta!”Ele o faz por algum tempo e depois para por alguns meses a fio.
Quando nos damos conta, um ano se passou e ela cresceu um montão!

MD: Enquanto assisti às antologias em vídeo e vi minha vida passar pela minha frente, imagino como deve ter sido para você assistir a tudo aquilo.

RINGO:
Abriu meus olhos, George, Paul e eu assistimos a cada um dos quadrinhos daqueles filmes. Há tanta coisa que, embora não tivéssemos esquecido completamente, nunca havíamos pensado a respeito. Dizíamos, “Você falou isso?” e “É mesmo e você fez aquilo? Lembra-se disso? Lembra-se daquilo?”

MD: Enquanto assistia, você se sentiu...?

RINGO:
...com certeza, me senti lá. Para mim, a melhor coisa de ver todas aquelas fitas com Paul e George foi o fato de estar junto com eles mais uma vez. E fizemos música juntos, e ainda era a melhor. Free As A Bird (do Anthology I) foi a experiência mais incrível que tive nos últimos dez anos. John estava lá – porque o escutávamos através dos alto-falantes. Depois escutei a harmonia dos outros dois, as vozes que haviam acrescentado, e mais tarde o canal com a bateria e o baixo. E a guitarra de George – ele é um guitarrista muito emotivo. Ainda me arrepio quando escuto seu solo em Free As A Bird.
A coisa toda foi uma experiência muito comovente para mim. E como muitas experiências comoventes, passou. Agora somos indivíduos separados novamente, mas pelo menos por alguns momentos estávamos juntos novamente. O lado ruim da coisa foi, obviamente, que John não estava lá. E isso foi difícil. Eu acho que teria sido mais interessante... tudo o que tínhamos era alguns filmes de 1980, e não estou 100% convencido de que o que aparece ali era a forma como ele se sentiria hoje em dia. Mas não podemos fazer nada disso. Isso é o que é e isso foi o que fizemos. Foi lindo.

MD: Você trabalhou recentemente num projeto de Paul.

RINGO: Não sei se estarei no disco, mas fiz umas duas faixas. Fizemos umas jams maravilhosas, com ele no baixo, eu na bateria, Jeff Lyne na guitarra. É simplesmente ótimo tocar com Paul. Adoro tocar com ele. Ele é um baixista excelente, e eu sei como ele toca. Me divirto muito quando tocamos.


MD: E sua vida mudou drasticamente sob outros aspectos desde nossa última entrevista.
RINGO:
Não me lembro muito daquela época. Por causa das drogas e do álcool, perdi uma porção de neurônios, mas graças a Deus não os estou perdendo mais.

MD: O que você aprendeu com isso e quer transmitir para as pessoas?

RINGO: Que elas devem dizer sim – sim para a vida. Mas quando se é jovem, se é invencível e nos vemos envolvidos por essas coisas antes de nos darmos conta. Se pegarmos uma publicação que fale sobre sobre o mundo da música, acharemos o nome de alguém que morreu devido a drogas, e essa possibilidade é muito real. Não sei se fará diferença para alguém saber isso – os Beatles não eram santos – mas a maior parte das músicas foi feita quando estávamos caretas, e isso é a pura verdade.

MD: Portanto, a primeira vez que sentou na bateria depois da reabilitação... o medo que geralmente dá é que não se é capaz de fazer o que sempre fez sob a influência das drogas.

RINGO: Senti que não conseguiria tocar, senti que estava tudo acabado. Senti que não havia mais alegria, não havia mais sorrisos. Há muitos sorrisos, há muita alegria, e se pode tocar. Desde 1989, quando fiquei limpo, encontrei vários músicos que fizeram o mesmo, e é interessante notar que todos nós passamos pela mesma fase nos primeiros meses, quando achávamos que não podíamos mais tocar. Todos achamos muita graça nisso agora. Nossos cérebros drogados ou alcoólatras gostam de nos contar mentiras, mas temos que provar que eles estão errados, ficamos sóbrios, e isso foi o que fizemos.

MD: Você mudou completamente sua vida.

RINGO: Mudei mesmo. Dei uma virada de 180 graus. Claro, o pior já passou agora. Como só frutas e vegetais e bebo água. Não como carne ou peixe e faço exercícios – coisas que os músicos geralmente não fazem. Tenho uma pequena academia em casa, e algumas vezes chamo um treinador pessoal para me forçar a fazer meus exercícios quando me sinto preguiçoso.

MD: Conforme você fica mais velho, fica mais fácil ou mais difícil tocar?

RINGO:
Em virtude da alegria que é ser músico, pode-se tocar até cair duro. Enquanto eu puder segurar as baquetas, continuarei tocando – embora tenha começado a me dar conta de que dentro de alguns anos vou ter que estar tocando numa banda de blues(risos). Você vê esse monte de bandas novas que só pensam “temos que tocar rápido, temos que tocar rápido”. Mas eu vou tocar blues. E está ótimo para mim.


MD: Gostaria de lhe perguntar sobre o solo de bateria que fez em The End (do Abbey Road).

RINGO: Isso só aconteceu porque havia solos de guitarra no fim, logo eles acharam que estava na hora de um solo de bateria. Por isso funcionou. Não foi como se dissessem, “puxa, precisamos de um solo de bateria”, porque aí eu simplesmente diria “caiam fora!”. Eu não faço solos. Os solos de bateria são algo que nunca me interessou. Poucos solos despertaram meu interesse, com a possível exceção daquele solo de John Bonham onde ele toca os tambores com as mãos. Mas isso é devido provavelmente ao fato de eu conhecer John, ou de tê-lo conhecido. Isso é outra coisa para os malucos que estão lendo isso pensarem – ele se foi.

MD: Como já disse, você não tem que sair em turnê, mas é isso que irá fazer logo mais.

RINGO: Há muita alegria no palco, e há muito amor saindo da banda e de mim e chegando até a platéia, e esse amor volta direto para nós. Isso só se consegue quando se toca ao vivo. Não existe outro lugar onde se possa obter aquela reação instantânea. Na hora em que digo “Yellow Submarine”, a platéia fica emocianada. Todos conhecem a letra, e eu os forço a cantar comigo. É muito divertido. Às vezes, ocorre algo no palco que não me deixa confortável, mas isso é parte da coisa. Isso é a vida. No todo, me divirto de montão. Ainda tenho que entrar correndo. Estou nos bastidores, entro correndo, e depois estou legal.

MD: Você ainda fica nervoso antes de um show?

RINGO:
Claro. Estou lá. Portanto, corro, pego o microfone, canto as primeiras frases da canção – depois estou legal, estou em casa. Mas até chegar lá em cima... meu coração bate rápido e fico ofegando, então é questão de escolher de ter um ataque de pânico e subir no palco. Eu sempre prefiro ir para o palco, e tenho que correr. De certa forma, estou me expondo, me abrindo quando faço isso –“Aqui estou eu. Vocês vieram me ver e eu vou lhes dar o melhor de mim”. Tem sempre aquele diabinho que diz, “Espero que essa noite seja boa”. E muitas vezes não é , e a culpa não é sua, a audiência simplesmente não responde. Eles estão lá, mas é como uma coisa cósmica; por algum motivo não há uma conexão. Mas quando há... Esta é a razão de os artistas saírem em turnê, porque quando a coisa funciona, não existe nada igual. Não se pode explicar isso para alguém que não teve a experiência. É apenas você e a platéia, e há essa mágica cósmica que acontece, uma conexão tão forte que chega a surpreender.

O autor gostaria de agradecer a Jim Keltner, Greg Bissonette, Allen Flans, Evan e Karen Kent, Kennyx Aronoff e Doreen Reardon por todo o apoio que deram para a realização dessa entrevista.

Agradecimento especial: Thiago Salim
Thi.salim@gmail.com


RINGO, FALANDO DE RINGO
Durante minha entrevista com Ringo Starr, toquei alguns pedaços de músicas dos Beatles para ele, coisas que acredito que mostram seu brilhantismo – sua simplicidade, suas frases excepcionais, sua pegada. Ao escutar as músicas, Ringo se inspirou para me contar algumas coisas interessantes, e o fez quase que por livre associação. O resultado foi um raro vislumbre do mundo dos Beatles.

“I’M LOOKING THROUGH YOU”

RINGO: Até aí, estou tocando chocalhos. George estava batendo palmas. É feito numa caixa, não é?

MD: A documentação diz que é tocada nas suas coxas ou são palmas.

RINGO:
(Escutando atentamente) Eu costumava tocar nos estojos dos tambores ou dava palmadas nas coxas. Mas parece que aí há uma caixa tocando também, portanto pode ser que estivesse coberta por panos – eu costumava colocar toalhas de mesa sobre os tambores – e talvez eu esteja tocando um tipo de rimshot. Não consigo me lembrar do que fiz. Parece haver uma caixa por baixo de tudo.

“IN MY LIFE”

RINGO: Isso eu “roubei” de You Better Move On, de Arthur Alexander. Essa era minha versão daquela batida. Onde está meu bumbo? Nunca consigo escutar o bumbo em nossas primeiras gravações. Tínhamos um microfone para ele, mas George Martin nunca achou necessário inclui-lo na gravação (risos). Digo, Sir George Martin.

MD: Se lembra de como a canção foi apresentada a você?

RINGO: A maioria das canções era apresentada por quem quer que a tenha escrito tocando guitarra ou piano. Era assim que George e eu escutávamos uma canção de Lennon & McCartney pela primeira vez. Eles gravavam uma fita e depois nos mostravam. Era mais “olhem aqui, temos isso”, e nós escutávamos e víamos o que podíamos fazer com aquilo.

“A TASTE OF HONEY”

RINGO: Trabalho de vassourinhas. Eu tinha esquecido disso até lançarmos os discos Anthology: que havia um pouco de trabalho de vassourinhas nas primeiras gravações. Eu sabia toca-las porque tinha tido experiência nas bandas das quias fiz parte anteriormente. Você tinha que saber um pouco de tudo naquela época. Mas essa é, na verdade, uma música de cabaré. Os Beatles eram uma banda cover e uma banda de cabaré – uma banda de cabaré roqueira. É algo muito simples, o que sempre chama atenção.

MD: Você disse que jazz não era sua coisa favorita.

RINGO:
Não, não era. Não sinto que isso era jazz; era só o melhor que eu podia fazer com as vassouras. E é muito, muito básico. É como se estivesse tocando suingue com vassouras, e depois entra naquela coisa de “quatro”.

MD: Mas antes dos Beatles, o que havia para escutar não era jazz?

RINGO: Você tem que se lembrar que Bill Haley já tocava quando eu tinha 14 anos, portanto para mim foi aí que tudo começou. Bill Haley me influenciou muito, porque o fato de assistir aquele filme (Rock Around The Clock) foi o início de tudo. Antes daquilo, é claro, havia Johnny Era, Frankie Lane, Gene Autrey – e outros como eles. E eles também eram meus heróis. As vassouras faziam parte daquilo. Eu as usei muito quando estava em grupos Skiffle (N.R. Tipo de folk com elementos de jazz). Fazíamos alguns números de skiffle de pessoas como Lonnie Donegan, dos Vipers, coisas assim. Logo, devido ao fato de que eu costumava só tocar caixa, minhas primeiras experiências na bateria se concentravam nas vassouras. Algumas vezs tinha que implorar para usar a bateria. Costumávamos viajar de ônibus, o que era muito difícil, e eu só podia carregar a caixa, os pratos e as vassouras.

“DRIVE MY CAR”

MD: Você se recorda de como criou aquela parte?

RINGO:
Não. As partes simplesmente aconteciam Entretanto, sempre me sentia liviado quando encontrava uma. Se escutar as gravações piratas que estão no Anthology agora, e ouvir as faixas mais antigas, verá que geralmente as partes de bateria são bastante similares às das versões finais. Quando encontrava minha parte, pensava “ok, esta parte está legal, agora vamos deixar a banda sobre ela”
.
“RAIN”

RINGO: Rain é incrível. É aqui que se pode escutar quando comecei a trazer minhas colaborações para a faixa.

MD: Como essa foi apresentada a você?

RINGO:
John estava apenas tocando guitarra e cantando a canção. Foi uma daquelas coisas que simplesmente aceitamos sem pestanejar. É basicamente rock. Naquela época acentuando e lendo mais a canção. Estávamos nos afastando de canções pop, que tinham”verso, refrão, meio, verso refrão e final”. Quando chegamos neste estágio estávamos todos fazendo experiências, inclusive eu. Começa naquele lugar estranho – algo como sete batidas para dentro. Eu estava tentando ser estranho de propósito. Já estava cansado de ficar restrito, portanto dizia< “olha, eu posso entrar aqui. Posso fazer isso e tentar aquilo”. Rain é uam das minhas partes de bateria favoritas, e acho que é a primeira vez que toquei aquele acento no chimbal (pontuações “abertas”). E o que me ajudou a fazer isso, meus queridos bateristas, é que nasci canhoto. Escrevo com a direita, mas quando qualquer coisa que exija esforço físico, uso a esquerda. Logo, sou um cara canhoto com uma bateria para destros. Não consigo fazer rufos por toda a bateria; é impossível para mim começar na caixa, ir para o tom-tom de cima e depois para o surdo. Não consigo dar a volta na bateria dessa forma. Tenho que começar no surdo e ir para cima, e aqueles acentos no chimbal eram coisas que usava para me dar espaço e poder chegar a algum lugar, para que eu pudesse fazer minhas mão trabalharem e fazer com que meus braços se movessem pelos tambores.

“I’LL BE BACK”

MD: Me enlouqueceu escutar a versão em valsa de ‘’I'l Be Back", depois de estar familiarizado apenas com a versão final dela.

RINGO:
Não estou tocando uma valsa, estou tocando quatros. A idéia que tínhamos era que se eles tocavam uma valsa, eu tocava 4/4. Se eu mudasse e começasse a tocar valsa, eles continuariam em 4/4. MD: Na versão do Anthology, John tem dificuldade para cantá-la. RINGO: Ele se perdia muitas vezes. Por isso resolvemos simplifica-la, facilitar as coisas para o volcalista; afinal de contas, foi ele que a escreveu. Tentávamos muitas coisas diferentes, mas éramos guiados pelo compositor. Ele achou impossível faze-la da maneira original, portanto nós a mudamos. MD: De acordo com a documentação, mudou para a maneira que escutamos no máster já na segunda tomada. RINGO: Mas essa metamorfose pode ter durado mais de duas horas. Nós provavelmente não dissemos simplesmente “ora, vamos fazer assim”. Provavelmente fizemos algumas tomadas antes de George Martin apertar o botão. A coisa mais divertida de escutar as gravações dos Anthology é que se pode escutar os erros que cometíamos: “Eu não consigo tocar isso”, “Meus dedos não conseguem fazer isso”, “Não sei o que aconteceu”, “Onde é mesmo que eu entro?”. Há poucos diálogos em que apareço, porque eu nunca tive um microfone para vocais. Eles gritavam uns com os outros e comigo através dos microfones de vocal. O microfone da bateria não captava direito a minha voz. Não há muitas conversas onde apareço por causa disso. Entretanto, eu sempre ouvia as discussões dos outros. Uma canção simplesmente de desenvolvia, pois essa é a natureza da música. “Esta é uma ótima idéia, vamos começar com isso”, e depois se tornava uma idéia ainda melhor. Algumas vezes, voltávamos à idéia original. Outra coisa que muitas vezes acontecia no estúdio ´r que queríamos fazer uam faixa de uma certa forma, e fazíamos uma tomada atrás da outra. Se desse certo, parávamos e íamos tomar uma xícara de chá. Voltávamos e a fazíamos exatamente da mesma forma, e de repente, funcionava perfeitamente. É difícil de explicar. Nos afastando dos Beatles por um isntante, o melhor exemplo disso foi quando gravei “Take 54” com Harry Nilsson e Richad Perry na Inglaterra. Tínhamos feito 53 tomadas que não haviam funcionado. Quando chegamos na tomada 54, dissemos, “esta tem que funcionar: é o nome da canção!” E foi uma merda. RINGO: Mas essa metamorfose pode ter durado mais de duas horas. Nós provavelmente não dissemos simplesmente “ora, vamos fazer assim”. Provavelmente fizemos algumas tomadas antes de George Martin apertar o botão. A coisa mais divertida de escutar as gravações dos Anthology é que se pode escutar os erros que cometíamos: “Eu não consigo tocar isso”, “Meus dedos não conseguem fazer isso”, “Não sei o que aconteceu”, “Onde é mesmo que eu entro?”. Há poucos diálogos em que apareço, porque eu nunca tive um microfone para vocais. Eles gritavam uns com os outros e comigo através dos microfones de vocal. O microfone da bateria não captava direito a minha voz. Não há muitas conversas onde apareço por causa disso. Entretanto, eu sempre ouvia as discussões dos outros. Uma canção simplesmente de desenvolvia, pois essa é a natureza da música. “Esta é uma ótima idéia, vamos começar com isso”, e depois se tornava uma idéia ainda melhor. Algumas vezes, voltávamos à idéia original. Outra coisa que muitas vezes acontecia no estúdio ´r que queríamos fazer uam faixa de uma certa forma, e fazíamos uma tomada atrás da outra. Se desse certo, parávamos e íamos tomar uma xícara de chá. Voltávamos e a fazíamos exatamente da mesma forma, e de repente, funcionava perfeitamente. É difícil de explicar. Nos afastando dos Beatles por um isntante, o melhor exemplo disso foi quando gravei “Take 54” com Harry Nilsson e Richad Perry na Inglaterra. Tínhamos feito 53 tomadas que não haviam funcionado. Quando chegamos na tomada 54, dissemos, “esta tem que funcionar: é o nome da canção!” E foi uma merda.

E, finalmente, a gente curte alguns vídeos de Ringo em vários momentos da sua gloriosa carreira!

I CALL YOUR NAME



NEVER WITHOUT YOU



IT DON’T COME EASY




ACT NATURALLY




BOYS


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